rege o uso de preposição: Assisto ao filme; assistimos à peça teatral (crase devido à fusão de preposição mais artigo feminino). No entanto, quando o verbo assistir estiver no sentido de “ajudar”, deverá ser usado sem preposição: O médico assiste o doente; o professor de Língua Portuguesa assistiu o aluno nas tarefas.
Indo além, é fácil encontrar mais verbos que podem gerar curiosidade. O verbo “chegar” é um caso. Costumeiramente usamos “chegar em” algum lugar, mas o adequado é “chegar a” algum lugar, portanto, usemos: Cheguei à minha casa cedo ontem; chegamos ao colégio.
Deste modo, procuremos obedecer à nossa Língua Portuguesa, pois ela sempre tem razão! Opa! Obedecer é outro verbo danado! Quem obedece, obedece “a alguém”. Assim, escrevamos e digamos: Obedeço às ordens de meu chefe (acento indicativo de crase, por ser verbo indireto); obedecemos aos mandamentos bíblicos.
Vamos mais! “Aspirar” também pode causar dúvida! Afinal, poderá ter dois sentidos. Primeiro: sentido de respirar, inalar - usamos sem preposição: Aspirou o ar puro. Segundo: sentido de pretender – com preposição: Aspirou ao cargo
de chefia. A presença ou não da preposição altera significativamente o sentido do verbo, mudando, da mesma forma, a lógica da mensagem do enunciado.
“Namorar” é um exemplo de verbo muito usado, mas pouco aproveitado! O correto, segundo as regras da Língua Portuguesa, é usá-lo como transitivo direto: Namorou Maria durante anos; Quer namorá-lo(a)?
Embora possa, em alguns casos, ser usado com pronome oblíquo átono, evitemos a seguinte construção: Quer namorar comigo? Se assim fosse, o sentido estaria indicando que eu convidei alguém para namorar “comigo”, mas não a mim. Digamos, portanto: Quer “me” namorar? Romântico e direto, não é mesmo?
Cuidado também devemos ter com o verbo preferir. Sempre que o utilizarmos, deverá ser da seguinte forma: Prefiro carne “a” peixe; prefiro futebol “a” vôlei. Notemos que, quem prefere, prefere algo “a” alguma coisa. Evitemos a todo custo a forma: “Prefiro futebol do que vôlei”.
E, não podemos deixar de lembrar do verbo pagar. Quem paga, paga algo a alguém. Ex. Paguei o sorvete ao atendente; paguei a conta ao garçom. Sempre pagamos algo (sem preposição), a alguém (com preposição).
Não faltam motivos para gostarmos cada vez mais da Língua Portuguesa, afinal, ela pode ter suas peripécias, mas jamais será monótona!
Despeçamo-nos com as palavras do novo imortal da Academia Brasileira de Letras, Gilberto Gil: “A língua fala por si (...). A língua é nossa mãe”.