Portuguesa, assinado em Lisboa, aos 16 de dezembro de 1990, pelos representantes dos países lusófonos. Em vigor desde 2009, o acordo trouxe novas regras que visam a estabelecer uma economia linguística, simplificação e uniformização ortográfica entre todos os países que adotam nosso idioma.
Vamos por vez: ortografia, segundo nos explica o imortal da Academia Brasileira de Letras e filólogo, Evanildo Bechara: “é um conjunto de normas convencionais pelas quais se representam na escrita os sons da fala”. Simples assim!
O hífen – bola da vez desta crônica – está presente nas bases XV, XVI e XVII do acordo. Entretanto, não nos preocupemos em decorar regras. Cada passo nos dará um ensinamento novo.
Vejamos: alguns equívocos podem ser evitados com o uso adequado de um prefixo muito usado por todos nós - “vice”. Escrevamos: vice-diretor; vice-presidente; vice-reitor e assim por diante. Ademais, ouso pensar que um prefixo em particular pode causar estranheza por ser incomum, a saber, “circum”. Para ele, a norma estabelece as mesmas diretrizes, ou seja, com uso do hífen: circum-escolar; circum-hospitalar; circum-navegação.
Lembremos, de igual modo, dos famosos “pré” e “pós”, pois sempre deverão ser usados com hífen: pré-vestibular; pré-datado; pós-graduação; pós-tônico. Observemos alguns outros causadores de discórdia em nossos textos: “além”; “bem”
e “recém”. Escrevamos sempre lançando mão do hífen: além-mar; além-fronteira; além-Atlântico; bem-aventurado; bem-estar; bem-humorado; recém-casado; recém-eleito; recém-nascido.
Outras regras são mais fáceis pelo uso constante no dia a dia (que, aliás, não tem hífen!). São elas: quando o primeiro elemento termina por vogal igual à que inicia o segundo elemento, aplica-se – sem dó – o hífen: anti-inflamatório; anti-infeccioso.
A segunda regra estabelece que, quando o primeiro elemento terminar por vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento, escreve-se junto, sem hífen (finalmente o hífen desapareceu!): autoajuda; extraescolar; autoestrada; antiaéreo.
Sejamos gratos pelas bem-aventuranças de nossas viagens pelo universo da gramática, em um verdadeiro sentimento de bem-estar, pois a riqueza de nossa Língua está em seus usuários. Nós, portanto, construímos o idioma em cada frase dita ou escrita que, a posteriori, formará o léxico oficial da Língua Portuguesa.
Não poderia faltar nesta crônica uma derradeira frase, em que invocamos o pensamento de Charles Pierre Baudelaire: “Manejar sabiamente uma língua é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória”.