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PAROLE

Erros mais cometidos nas Redes Sociais

Por Edgar Talevi de Oliveira

 

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   Em tempos de redes sociais, os perfis dos usuários se tornaram o novo cartão de visitas, em que muitos têm acesso, por meio de diversas plataformas de comunicação digital. Mas, mesmo com tanta exposição, a linguagem ainda é um entrave na estratégia de se fazer compreensível.
   Manter um nível adequado de conhecimento gramatical cria novas oportunidades, de modo a elevar o interesse do público-alvo do comunicador para que este gere expectativas que se comprovem necessárias ao leitor. Daí a importância de que a informação seja bem construída e apresentada.

   Selecionamos alguns erros crassos que podem ser evitados em textos mais formais, ou até em discursos coloquiais, mas que não desperdicem a boa gramática.

   Vejamos: É comum que, em algumas respostas rápidas, determinado usuário escreva, para contrariar o interlocutor, a expressão: “Nada haver”. Realmente, não há nada a ver, pois o correto é conforme grafei por último neste período.

   Não obstante, para se referir a tempo passado, muitos há que lançam mão de “Há alguns anos atrás”. Cuidado! O termo “Há”, do verbo “haver”, já indica tempo passado, portanto, desnecessário é usar “atrás”. Prefira: “Há alguns anos”, somente.

    Chegamos a um ponto em que mais percebemos incorreções na grafia. Quando se usa o vocativo (chamamento), deve-se isolar o termo por meio de vírgula. Assim: “Bom dia, Pedro”. “Oi, galera”. Jamais prescindamos da vírgula, pois é acessório obrigatório em tais casos.

   Tortura mesmo é quando lemos o seguinte sintagma: “Agente não quer mais fazer isso”. Em vez disso, o redator deveria grafar: “A gente não quer mais fazer isso”. O termo “agente” tem sentido de pessoa encarregada de ofício de Estado ou similar, bem diferente do significado pretendido no contexto em questão.

    Não paramos por aqui! Pane total ao vermos os termos “mais” e “mas” em completa contradição semântica. Simples: MAIS indica adição: “Fizemos a tarefa mais o trabalho”. MAS é conjunção adversativa: “Gosto de ler, mas não de estudar”.

          Prossigamos em nossa jornada rumo ao universo do bom uso de nosso idioma. Com certeza todos já depararam com um “concerteza”, exatamente como está escrito aqui. Certamente causa estranheza, se não arrepios! Isso devido ao fato de que “concerteza” não existe!

   Que a bênção do conhecimento não nos abandone, mas nos abençoe! Notemos que os vocábulos “bênção” e “abençoe” têm características nem sempre observadas na escrita constante das redes sociais. Bênção terá sempre acento circunflexo. Abençoe não tem o “til”.

   Quanto mais estudamos nosso idioma, menos erros teremos. Notemos: grafamos, aqui: “Menos”, não “Menas”. A explicação é deveras simples: “Menas” não existe! Em todos os casos, o correto para o advérbio é “Menos”.

     Agora, gritante mesmo é, “De repente”, encontrar um “Derrepente”, juntinho! Surge uma tristeza imediatamente! O “Derrepente” não existe no vocabulário da Língua Portuguesa. O termo correto para indicar algo súbito, ou que ocorre subitamente, é “De repente”.

      Mais uma: “A fim” e “Afim”. Qual a diferença? Explicamos: No sentido de “para” ou “para que”, o termo deve ser escrito separadamente: “Vamos estudar, a fim de passar na prova”. Mas, se o significado pretendido for estendido ou relacionado a alguém próximo, o termo a ser usado é “Afim”.

      Confessamos que nem sempre será fácil saber todas as regrinhas, mas o certo é certo, correto?

     O epílogo desta viagem não poderia deixar de ser do notável Victor Hugo: “Tudo se rende ao sucesso, até a gramática”.
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Edgar Talevi de Oliveira, licenciado em Letras pela UEPG; pós-graduado em Linguística,  Neuropedagogia e Educação Especial; bacharel em Teologia pela UNINTER; mestre em Teologia pelo SETEPE; membro da Academia Ponta-Grossense de Letras e Artes; autor do livro Domine a Língua - o novo acordo ortográfico de um jeito simples, em parceria com Pablo Alex Laroca Gomes; autor do livro Sintaxe à Vontade - crônicas sobre a Língua Portuguesa; professor de Língua Portuguesa do Quadro Próprio do Magistério do Estado do Paraná; revisor profissional de textos acadêmicos; e articulista de diversos jornais municipais e estaduais.