Noutro dia assisti a um webinar sobre processos neurais que explicou, inclusive, sobre como ocorrem as tomadas de decisões. Ao término, um espectador questionou se o "livre arbítrio" era considerado cientificamente uma ilusão, ao que a cientista ministrante respondeu que o cérebro é uma máquina orgânica que compreende 0 e 1, similar a uma máquina computacional sob programação, portanto, na ciência não se considera que tenha ilusão de escolha, haja vista o ato de escolher e não escolher serem reais.
Contudo, a cientista complementou dizendo que a liberdade de escolha é que poderia ser dotada de ilusão, mas essa já não era sua área e aconselhou que esse entendimento de liberdade não deveria ser
confundido com consciente e inconsciente e que o tema seria melhor tratado pela Filosofia.
Enquanto eu interpretava esse diálogo, que teve a duração de, aproximadamente, 2 minutos, questionei-me se nossas escolhas são deterministas ao definir quem somos ou se nós definimos nossas escolhas estando à deriva de probabilidades.
Na Filosofia, a liberdade de escolha é inexorável em algumas de suas interpretações, por isso vale destacar a literatura de Cecília Meireles, em que "a liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, devido a não haver ninguém que explique e ninguém que não entenda".
Em 1889, Henri Bergson nos apresentou o esquema MOXY, com os dados imediatos da consciência, alegando que "a liberdade é a expressão daquilo que somos, cuja profundidade é sua medida: se for profunda a escolha, é livre, e se for superficial, a escolha não é livre".
Dos séculos seguintes até a contemporaneidade, diversos filósofos contribuíram com o tema por meio de suas interpretações deterministas e indeterministas, mas a complexidade do livre arbítrio ainda não possui um desfecho. Sendo assim, é oportuno fazer o seguinte experimento mental:
“Imagine que fosse possível decodificar todos os nossos estados mentais com precisão. Logo, seria possível prever o que iríamos escolher antes que nossa consciência fizesse sua escolha”.
Só que para monitorar trilhões de sinapses de bilhões de pessoas, deveria existir um processo consideravelmente rebuscado, logo, esse experimento não seria possível na realidade, a não ser que a Era dos dados usasse Inteligência Artificial em ferramentas globais de mídias sociais (como aplicativo de mensagens instantâneas, programas de edição de arquivos de imagem e vídeo, histórico de pesquisa/busca na internet, publicações em redes sociais etc) e garantisse essa possibilidade para fins de expansão de marketing, manipulação política e controle em massa de decisões arbitrárias, como os experimentos de Stanley Milgram, em uma escala maior e mais avançada.
Almejo a época em que o dilema dos nossos hiper parâmetros finalmente seja desvendado!
"Autodidata, leitora assídua e entusiasta de soluções. Acumula títulos de Mérito Estudantil, medalha em Olímpiada do Conhecimento e inúmeras certificações de cursos, apresentação de trabalho e participação em eventos acadêmicos e profissionais. Também foi sócia da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e conta com quase meia década de serviços voluntários voltados à cultura, política e educação."