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Parole

“Narguile” faz mal à Língua Portuguesa!

Por Edgar Talevi de Oliveira

 

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 Não é só questão de saúde pública, mas de prosódia: Narguile faz mal à Língua Portuguesa! Mas, por quê? Embora amplamente “usado” – inalado e falado – como paroxítono, o vocábulo é oxítono, por isso a pronúncia adequada é Narguilé, com acento agudo na última sílaba.
   É comum encontrarmos diversas palavras com deslocamento, na pronúncia, da sílaba tônica, e a isso chamamos de silabada. Portanto, não vitimemos o Narguilé, mas, cuidado: embora a gramática não faça mal a ninguém, o prejuízo do narguilé à saúde poderá ser inevitável!
   Sigamos com outros exemplos: aqui a contrariedade será pujante, mas vamos lá! Catéter não existe! Isso mesmo! O correto é Cateter, pois é mais um caso de vocábulo oxítono
   A extensão do problema da pronúncia desconhece limite. Vejamos: Qual é o nome da qualidade de quem é discreto? Seria “discreção”, conforme apresenta o adjetivo? A resposta é Não! A forma adequada é “discrição”. Sendo assim, quem é discreto age com discrição. Simples assim!
   Vamos mais: “asterístico” é outra forma estranha à norma culta, tendo como correto o termo “asterisco”. E, para quem acha este tema supérfluo, cuidado! Há muita gente que o entende “supérfulo” – com deslocamento da vogal de modo irregular.
   Além disso, temos o famoso “beneficiente”, palavra que “quer” denotar altruísmo - mas de boas intenções não se compõe a Língua Portuguesa - portanto, usemos “beneficente”, pois a causa é nobre!
Notável mesmo é a ousadia de quem quebra “récorde”. Explico: na forma inglesa - “record” - estaria correta a pronúncia, mas aportuguesada, digamos “recorde”, como paroxítono.
   E a quem tanto milita em favor de nosso idioma, poderíamos premiar com um “Nobel” – nunca “Nóbel”, pois se trata de oxítono também.
   Falar com correção não é “privilégio” de quem decora dicionário, mas daquele que pratica a leitura e é bom ouvinte nas aulas de Gramática! Notem, prezados leitores, que usei o termo “privilégio”, pois seria totalmente inadequado se grafasse “previlégio”
   Ah! Poderia alguém “reivindicar” o direito à cidadania brasileira para escapar às normas de nosso idioma. Entretanto, pensemos bem: “reivindicar”, tudo bem, mas “reinvindicar”, jamais! Cuidemos da consoante “v” que não deve surgir em meio a essa palavra de ordem!
   Tudo isso esquenta os ânimos de quem admira a Língua Portuguesa! Afinal, criamos um “clima” de muita aprendizagem. Quem sabe, também, seja a hora de verificar como está o “clima” em nossa cidade! Para tanto, vejamos o que dizem os “meteorologistas”. Se “der praia”, falaremos assim como escrevi. Caso o clima não esteja bom, surgiria um desprevenido “metereologistas”. Aí, o melhor seria ficar em casa, não é mesmo?
   Fica, certamente, a pergunta: A quem devemos recorrer quando houver necessidade de consultar a correta grafia de uma palavra? É bem simples: existe, no site da ABL (Academia Brasileira de Letras), o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), com uma gama de 382.000 entradas, ou seja, “quase” a totalidade de vocábulos de nosso idioma. Ele é o documento oficial de nossa Língua Portuguesa. Para qualquer dúvida em relação à escrita e, consequentemente, pronúncia, o VOLP apontará a forma correta dos vocábulos e tem o mister de ser a palavra final quanto ao assunto.
   Outra dica: na dúvida, VOLP! Porém, que isso não seja nenhum “impecilho” para aprendermos mais; afinal, o correto, segundo o VOLP, é “empecilho”.
   Nada melhor para meditar, ao fim de tantas dicas, que alguns versos de Walcyr Carrasco:
   Tem gente
   que diz as piores coisas
   com os melhores sorrisos.
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Edgar Talevi de Oliveira, licenciado em Letras pela UEPG; pós-graduado em Linguística,  Neuropedagogia e Educação Especial; bacharel em Teologia pela UNINTER; mestre em Teologia pelo SETEPE; membro da Academia Ponta-Grossense de Letras e Artes; autor do livro Domine a Língua - o novo acordo ortográfico de um jeito simples, em parceria com Pablo Alex Laroca Gomes; autor do livro Sintaxe à Vontade - crônicas sobre a Língua Portuguesa; professor de Língua Portuguesa do Quadro Próprio do Magistério do Estado do Paraná; revisor profissional de textos acadêmicos; e articulista de diversos jornais municipais e estaduais.