Tive também entrevistas para a televisão e para a rádio. Ainda participei de um podcast em uma rádio universitária e de uma mesa-redonda para falar sobre o futuro da música independente. E ainda fui convidado a visitar uma prisão para menores infratores, sentei-me junto deles e conversei por horas sobre música, sobre o Brasil e o mundo, eles me encheram de perguntas, aproveitei para falar sobre o quanto a minha adolescência também tinha sido cheia de altos e baixos, e no final uma cena quase que de filme: eu tocando num pianinho justamente dentro da prisão e todo o pessoal em volta escutando atentamente.
Muita coisa legal aconteceu por lá. Por exemplo, um cara apareceu no concerto em Pasto e disse que costumava escutar muito as minhas músicas junto com o seu pai, que já faleceu, o qual esteve presente no concerto de 2017. Em Bogotá encontrei muita gente falando alemão, português do Brasil e até norueguês. Ganhei muitas coisas de presente, como CDs, livros, fotos e até um quadro. Tive muitas visitas guiadas onde o pessoal fazia questão de contar tudo sobre a história da região, o que transformou a turnê em uma verdadeira imersão cultural. Provei muita culinária típica, viajei bastante por dentro da Colômbia, conversei com as pessoas, fiz contatos, fui até a um treino de Jiu Jitsu e senti a falta de gás ao treinar a quase 3.000 metros acima do mar. Em Pasto, dediquei a última música do concerto a uma senhora avó de um dos organizadores, a Dona Alice. Em 2017, quando estive lá pela primeira vez, ela me recebeu com uma amabilidade como se eu fosse da família, sempre me chamava de “mi hijo”, o contato seguiu por whatsapp quando voltei para o Brasil, e infelizmente ela veio a falecer. A família me disse: “Ela sempre perguntava por você”, então o mínimo que eu poderia fazer era dedicar o concerto à sua memória. São várias coisas que vão tornando a turnê mais especial. Por exemplo, quando meu amigo Daniel esteve em contato pela primeira vez comigo ele seria pai, dessa vez ele será pai outra vez e eu lembro que sua mulher disse que sentiu chutes na barriga justamente durante o concerto. Até mesmo os sogros de um amigo da Noruega, que foi quem criou pela primeira vez uma fanpage do Lebensessenz no Facebook, estiveram presentes no concerto em Medellín.
O repertório, como sempre, foi do Lebensessenz.
A ideia é que se tudo correr bem, nos próximos anos voltarei para lá. Já me prometeram até um concerto acompanhado de orquestra, vamos ver!