CRÔNICAS
Mas pasmem, mesmo diante de tantas belezas, a primeira lembrança que me vem em mente não remete a sua grandiosidade, tampouco com a infeliz possibilidade da época, de subir nos arenitos. Minha principal memória deste parque se refere aos temíveis, carnívoros, farejadores, ladrões de comida. Os quatis.
Já pensando na crocância que seguiria, me voltei para pegar o pacote. Ele estava a centímetros, porém, sob posse de um quati e logo atrás dele havia muitos outros como ele, sedentos pela comida dos humanos.
Levantei assustadíssima, sem a chance de recuperar ao menos a lata, saqueada na sequência. Fiquei sem lanche e passei o resto da tarde com medo de um ataque feroz, exigindo mais daquilo que me arrancaram minutos antes.
Este ano voltei ao parque. Fui com receio, confesso, mas me surpreendi com todas as mudanças. No que se refere à comida, é proibido entrar com alimentos e/ou bebidas em qualquer tipo de embalagem, exceto em casos de famílias com bebês e pessoas com dietas restritivas; alimentar-se e consumir bebidas alcoólicas nas trilhas; jogar lixo ou restos de comida no chão e sobretudo alimentar os animais. O descumprimento destas e demais regras te coloca sob pena de multa.
E o reencontro com os bichinhos? Este não aconteceu. Pela estrutura e cuidados atuais, creio que estavam na mata se alimentando do que a natureza a eles provê. Estavam em segurança.
Contudo, tive a oportunidade de construir uma nova lembrança do local. Meu filho, seguindo pela trilha, olhando a mata, habitat dos quatis, dizendo: “Uau, como a natureza é linda!”
Texto de autoria de Camila Pasetto Kiapuchinski, bacharel em Serviço Social, empresária na área de alimentos, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).