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Conversa NO TIPO!

   Com inspiração em uma das expressões constantes na obra Jacu Rabudo: a linguagem coloquial em Ponta Grossa, que se encontra em sua quarta edição, este site ‘manda ver’ sua estreia em Conversas que valem a pena, entrevistando Hein Leonard Bowles, autor do único best-seller ponta-grossense, cuja primeira edição teve seu lançamento pela Toda Palavra Editora, em 2010. Que tal dar uma espiadinha por aqui, hein?!

 

“Caiu como sopa no mel”
por Eduardo Gusmão
 
   Em sua carreira profissional, ao longo de uma trajetória de 35 anos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Hein Leonard Bowles atuou como professor, coordenador e chefe do então Departamento de Letras Vernáculas (atual Departamento de Estudos da Linguagem), editor chefe e coordenador da Editora UEPG (1993/97), além de outras atividades correlatas à vida universitária. Com vasta experiência na área de Letras, notadamente em ‘Literaturas Estrangeiras Modernas’, Bowles se licenciou em Letras pela UEPG (1970), tem mestrado pela UFSC (1978) e doutorado pela USP (1995) em Língua e Literaturas Inglesa e Norte-Americana.
   Antes de Jacu Rabudo, Hein lançou Arqueologia da Raiva e do Entusiasmo: uma abordagem lexical (estudo sobre as metáforas convencionais / Editora UEPG, em 2005), assim como ganha destaque sua participação na obra Bruno Enei: Aulas de Literatura Italiana e Desafios Críticos (2010), juntamente com Sigrid Lange e Scherrer Renaux, cujo trabalho marca a incursão de Bowles pela iniciativa privada como sócio, editor chefe e membro do Conselho Editorial da Toda Palavra Editora. De acordo com Hein, em Bruno Enei há de se ressaltar a preciosidade do conteúdo e acabamento gráfico a serem conferidos pela todapalavraeditora.com.br   

 

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O professor Hein Leonard Bowles: Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

   TNOT - Em seus trabalhos como professor e pesquisador, ao longo de sua trajetória, qual foi o motivo que o levou a se interessar e pesquisar pela linguagem coloquial em Ponta Grossa?
   HEIN- Bem, sempre me interessei por expressões idiomáticas, ou metáforas convencionais, nas línguas que estudei. Então, pouco tempo depois de defender minha tese de doutorado na USP – um estudo contrastivo de expressões idiomáticas do inglês e do português – chegou às minhas mãos um impresso intitulado Vocabulário Ponta-grossense: um glossário com o melhor do léxico de hoje, já hoje e sempre (2004), do então estudante de Jornalismo Elias Laskoski, em que ele lista e comenta, com extraordinário humor, algumas expressões típicas de nossa região. Adorei o trabalho, a ponto de ele me despertar o interesse de desenvolver uma pesquisa exaustiva sobre o tema, o que até tive a oportunidade de anunciar para o próprio Elias. Assim, me dediquei a esse estudo nos anos seguintes.
   TNOT - Logo em sua primeira edição, Jacu Rabudo despertou notável curiosidade do público leitor nativo, fazendo com que sua obra se tornasse o primeiro best-seller ponta-grossense. Trocando em miúdos, como o professor explica todo esse sucesso do livro, que já se encontra em sua quarta edição?
   HEIN - Com toda a honestidade, não imaginava isso, quando lancei o Jacu Rabudo. De qualquer maneira, me parece que, em geral, os ponta-grossenses se sentiram representados no meu livro, seja por usarem, em alguma medida, expressões coloquiais que nele figuram, seja ainda por reconhecerem nessas expressões a fala de pessoas de seu convívio. Ou seja, entenderam que o livro faz parte da nossa identidade. Outro fator que parece ter contribuído para o sucesso do livro é a forma como ele se encontra organizado, em pequenos capítulos temáticos, com diálogos, o que lhe confere certo vigor, com um toque de bom humor. Nada acadêmico, portanto, embora a pesquisa tenha sido acadêmica.
   TNOT-Não dá pra deixar de perguntar, ou melhor, perguntar não ofende, principalmente, àqueles que não conhecem nada do linguajar local/regional: por que Jacu Rabudo como título de seu livro?
  HEIN - Eu tinha comigo que o livro teria que ter como título uma expressão curiosa, instigante, quase obscena talvez, para
estimular interesse. Depois, e uma vez definido o título, a imagem que meu amigo Élio Chaves criou para a capa, de um jacu meio invocadão, de rabo enorme, “ornou” perfeitamente, produzindo um apelo ao mesmo tempo linguístico e visual. Ou seja, “caiu como sopa no mel”, para usar uma antiga expressão portuguesa certamente também capaz de aguçar a curiosidade daqueles que não estão familiarizados com ela.
   TNOT - Inspirado em uma das expressões constantes em sua obra, No tipo!, que denomina este novo site de Informação & Cultura, pode sugerir também algum ressignificado além do que aponta Jacu Rabudo?
   HEIN - Além de seu significado de muito bom, muito bem feito, a expressão No tipo! também remete a elementos gráficos, base da comunicação verbal, razão de ser deste novo site. Muito bem bolado!
   TNOT - Entre outros achados como No tipo! em seu trabalho, há alguma outra expressão semelhante mais recente, caso suas fontes de pesquisa continuem a lhe dar elementos para mais uma edição de Jacu Rabudo?
   HEIN- Não haverá um Jacu Rabudo II, porque se trata de um universo finito. Nas três edições que se seguiram à primeira fui incorporando uma ou outra expressão, mas a fonte secou. Avalio que novas inclusões serão raras.