MANDA VER
por Ulisses Iarochinski
Igreja dos Polacos
Ainda, em 1877, foi fundada a colônia Terra Nova, com alemães e polacos, em Castro; em 1878, a colônia Octávio, na Linha Taquiri, com alemães do Volga e polacos; e as colônias Tibagy, Guaraúna, Uvaranas, Floresta, Eurídice e Moema, em Ponta Grossa. Esses primeiros imigrantes receberam a companhia, em 1890, de 25 famílias polacas da região Volínia, na Polônia ocupada pelo Reino da Rússia. Os novos foram estabelecidos na Colônia Santa Clara. As colônias Santa Cândida, Santa Clara, Iapó, Agostinhos e Russos, em Castro, começaram a receber novos imigrantes, em 1885.
A verdade é que, muitos desses considerados alemães de Castro, Palmeira e Ponta Grossa, eram mesmo polacos, que portavam documentos de viagem expedidos pela Alemanha. A exceção foi Moema, em Ponta Grossa, que foi formada apenas pelas 26 famílias polacas com 84 indivíduos. As estatísticas nas demais colônias sempre foram imprecisas, justamente, devido às documentações nem sempre corretas que portavam os imigrantes. Registros orais dão conta de que esses polacos da Colônia Moema eram procedentes da zona rural de Tarnów, cidade muito próxima a Cracóvia.
Nas demais colônias de Ponta Grossa, aqueles imigrantes foram assentados nas colônias Eurídice (23 polacos), Taquary (125 polacos), Rio Verde (78 polacos), Botuquara (73 polacos), Itaiacoca (48 polacos) e Guaraúna (140 polacos). No município de Ipiranga, foram assentados na Colônia Adelaide 99 polacos e na Colônia Floresta, outros 29 polacos. Os imigrantes polacos nos Campos Gerais, segundo Albert Elfes, têm uma grande participação na formação étnica do Paraná. Entretanto, afirma ele, que “[...] esta imigração não foi registrada oficialmente e nem aparece nos anais da estatística [...]” (ELFES, 1973. p.26), pois, no período da emigração para o Brasil os polacos estavam sob o jugo dos reinos da Prússia (Alemanha), Rússia e Áustria. Segundo Elfes, essa situação refletiu nas relações entre alemães e polacos no Paraná: “muitos alemães e polacos continuaram aqui, no Brasil, suas rixas importadas da Europa” (ELFES, 1973. p.28).
Para Albert Elfes, as colônias Santa Clara, Leopoldina e Iapó, em Castro, em função dos casamentos dos polacos com outros grupos étnicos de brasileiros, tais como italianos e mesmo com alemães, “[...] não conservaram mais suas características originais” (ELFES, 1973, p. 30). De acordo com Elfes, embora os polacos não tivessem se destacado como grandes produtores agrícolas, “[...] sua localização nessas áreas tem sido, eminentemente, útil para a formação étnica da região e para o desenvolvimento da classe do pequeno agricultor” (ELFES, 1973, p. 31)”, isto muito em função de que os lotes coloniais recebidos por eles eram muito menores do que as grandes extensões de terras dos latifundiários locais de origem portuguesa.
O pesquisador ponta-grossense Francisco Kaiut (Kajut em polaco) identificou em certidões de óbitos, de janeiro a abril de 1891, nas colônias de Ponta Grossa, os imigrantes polacos:
1.Angielski,
34.Józef Traleski,
2.Tomasz Demogalski,
35.Maciej Urbański,
3.Tomasz Basiński,
36.Jan Wiśniewski,
4.Feliks Głapiński,
37.Michał Wiczkowski,
5.Józef Grabowski,
38.Albert Zagobiński,
6.Anastazy Grzebiłucha,
39.Józef Skaliński,
7.Wincent Grzebiłucha,
40.Anton Lewandowski,
8.Wawrzyniec Hojnacki,
41.Jan Bryl,
9.Filip Jaszewski,
42.Józef Dobrzyński,
10.Józef Jędrzejczak,
43.Michałowski,
11.Mateusz Jędrzejczak,
44.Garczykowski,
12.Bartłomiej Kwistkosz,
45.Stajszczak,
13.Michał Krzesiński,
46.Strzałkowski,
14.Stefan Kamiński,
47.Pieczak,
15.Józef Marciniak,
48.Przybiłski,
16.Ludwik Marciniak,
49.Światkowski,
17.Walenty Milenkowski,
50.Wojciechowski,
18.Józef Nidziela,
51.Kajut,
19.Jakub Nidzielny,
52.Święch,
20.Jakub Nowacki,
53.Spałski,
21.Walenty Nowakowski,
54.Światkowski,
22.Jan Pietrosiński,
55.Witkowski,
23.Jakub Piłarek,
56.Pietroszyński,
24.Józef Kosiński,
57.Kanarski,
25.Stefan Krzytelny,
58.Kresiński,
26.Marcin Semigaski,
59.Marcinkowski,
27.Józef Stachowiaki,
60.Matuczak,
28.Andrzej Stankiewicz,
61.Dobrzyński,
29.Wacław Stankiewicz,
62.Laszyński,
30.Andrzej Suczak,
63.Wojnarowski,
31.Michał Szymański,
64.Orlowski,
32.Melchior Szymański,
65.Kowalski,
33.Franciszek Talar,
66.Nadolny
No censo de 1920, quando a etnia polaca, pela primeira vez, apareceu especificada, o cônsul geral da República da Polônia, em Curitiba, Kazimierz Głuchowski, contabilizou, em Ponta Grossa, na colônia Eurídice 23 polacos, na Taquara 125, Rio Verde 78, Butuquara 73, Itaiacoca 48, Guaraúna 140, Adelaide 97 e Floresta 29, totalizando 613 polacos. As 765 famílias de polacos estavam em diversas colônias espalhadas em 20 localidades:
População polaca em Ponta Grossa em 1920
Fonte: Kazimierz Głuchowski / 1927
Assim, está mais do que na hora dos polacos de Ponta Grossa levantarem a cabeça e, em alto e bom som, cantarem: A cidade aqui, fomos nós também que fizemos.